Por hoje deixo-vos com mais um contributo masculino, desta vez vindo do Zénite, e que ainda que não sendo a continuação da história, da forma como vinha a ser contada, é, ainda assim, uma bela perpectiva da visão masculina sobre os relacionamentos.
Espero que o apreciem!
Amores virtuais - I
O encontro
Tinham decorrido três meses após as primeiras trocas de mensagens entre Pedro e Leonor num blogue da Internet.
Certo dia, ele resolveu enviar-lhe um e-mail.Dizia-lhe que apreciava as suas tomadas de posição sobre os mais diversos assuntos, que lhe era muito grato comungar dos seus pontos de vista e ideais, e propunha-lhe que continuassem a desenvolver, através do correio electrónico, a amizade que os unia.
Disse-lhe que era divorciado, que a sua idade se abeirava dos quarenta, e propunha que conservassem o anonimato, mantendo os pseudónimos. Não haveria troca de fotos.
Leonor respondeu-lhe que concordava, e acrescentou que também era divorciada e que a sua idade era semelhante à de Pedro. Ambos tinham dito no blogue que trabalhavam em Lisboa.
Passaram a trocar diariamente vários e-mails, e tanto um como o outro afirmavam que as suas vidas agora começavam a fazer sentido.
Pedro ia sempre mais longe que Leonor, que mostrava algum retraimento, moderando as palavras.
Certo dia, Pedro escreveu:
«Sabes, Leonor, que nos dias em que não recebo notícias tuas, uma angústia e saudade enormes tomam conta de mim? Sabes que tenho sede das tuas palavras e que sem elas me sinto completamente desorientado, como se tivesse perdido o equilíbrio? Saberás que sou um homem quase feliz desde que te conheço?»
Leonor não se fez rogada e respondeu-lhe simplesmente:
«Sinto o mesmo, Pedro!»
E assim se passaram alguns meses. Os e-mails eram, de dia para dia, mais calorosos. A chama mantinha-se acesa e cada vez mais flamejante. Estabelecera-se entre Pedro e Leonor uma poderosa atracção, que há muito ultrapassara a amizade. Tratar-se-ia de amor, de paixão? Ambos ouviam falar de amores virtuais. Ambos sabiam que o desejo estava latente em toda a correspondência trocada, mas permanecia imóvel, como que aguardando a oportunidade de se libertar dos grilhões virtuais para avançar pelos meandros do mundo dito real.
Pedro decidiu então sugerir a marcação de um encontro.
Como eram ambos amantes de boa fotografia, resolveu perguntar a Leonor se concordaria com um encontro no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, na exposição de Daniel Blaufuks, num luminoso domingo de Março de 2004.
Ele esperá-la-ia pelas quinze horas do dia dezasseis daquele mês, tomariam café, visitariam a exposição e deslocar-se-iam em seguida ao Cabo Espichel para assistirem ao pôr-do-sol. E convidava-a a jantar, no regresso, num restaurante de Sesimbra. As previsões meteorológicas apontavam para um dia de céu limpo em todo o litoral oeste.
Leonor, num curto e-mail, escreveu:
« Que surpresa! Ia dizer "e se...", mas estou encantada. Há muito que receava este convite, mas desejava-o. Tu sabes. Aceito.».
Pedro disse-lhe então que se sentaria num dos sofás próximos do snack-bar da Fundação, e que teria numa das mãos “As Rosas de Atacama”, de Luís Sepúlveda. O vermelho do título, bem destacado sobre o fundo em tons de sépia da capa, seria mais que suficiente para uma rápida e segura identificação.
Pedro, apesar de não ser um homem bonito, era, segundo as mulheres, um homem encantador. Havia algo nele que cativava e infundia confiança. Talvez fosse a tranquilidade do seu olhar serenamente castanho, diziam algumas mulheres. Seria, porventura, a sua voz pausada e agradável de ouvir, avançavam outras. Todas concordavam que a sua estatura em muito contribuía para esse encanto.
Elegante no seu metro e oitenta, Pedro vestia, no dia aprazado, um fato azul-escuro e uma camisa azul clara, sem gravata.
Visivelmente agitado, tinha os olhos pregados na escadaria que conduzia ao piso inferior da Fundação, onde se encontrava. Por duas vezes se ergueu do sofá, ao ver que duas mulheres, cada uma a seu tempo, olharam atentamente para ele e depois para o livro. Mas logo desviaram o olhar e seguiram em frente.
Disse, então, de si para si, enquanto fixava um ponto imaginário, algures no espaço:
«As mulheres gostam de mistério! Leonor bem me poderia ter dito que roupa usará hoje, o que trará na mão, enfim, poderia ter-me deixado uma pista. Aguenta-te, Pedro, uma mulher que se preze, é assim mesmo... misteriosa, enigmática, quase mítica, atributos estes que lhe conferem um grande poder, o enorme poder da sedução.»
Após um prolongado suspiro, acrescentou, sorrindo:
«Um homem que se preze saberá respeitar tal atitude feminina».
O solilóquio distraiu-o. Olhava, na ausência de si mesmo, o vértice do infinito.
De repente, como que acordando de um sonho, ouviu uma voz maviosa sussurrar-lhe ao ouvido:
«Olá, Pedro!”
(este é o 1º de uma série de 3 episódios, segundo me disse)
o desejo
esse potente pégaso que galopa a lucífuga ansiedade pelas dunas
que se volatiliza em ondas de felino prazer pela praia deserta
que sobe em espirais etéreas pela escuridão da noite buscando o infinito
essa raiz do fálico hermes que quebranta a feiticeira circe
esse pomo proibido da edénica estância que habita adão
esse oceano insaciado de vagas de carnal lascívia
essa lávica corrente que tudo arrasta e arrasa e consome à sua volta essa rubra e inconforme e inacabada volição
esse perfumado zéfiro que de repente se transforma em violenta tempestade que ruge e brame e freme e carpe
esse númen incitador que não distingue o possível do impossível é ele e só ele que convertido em paixão ardente e aberta e profunda
sai de todos os labirintos resolve todos os enigmas
galga todos os abismos e faz girar o mundo
Zénite
Tenho novidades ^-^
ResponderEliminarbeijos e bom weekend!
O Pedro e a Leonor têm um prémio lá no meu estaminé
ResponderEliminar...um beijo vagabundo...
ResponderEliminartão cedo e já cansada?
ResponderEliminarhummm
beijo vagabundo
...eu sei..estava apenas a brincar contigo...
ResponderEliminarbeijinho vagabundo
eu tambem a estou a ouvir...linda...suave...e palavras belas cantadas por um trovador..
ResponderEliminaradoro as canções dele...
ResponderEliminarsim...é isso mesmo que acho dele...
ResponderEliminarlembra-me uma estação de comboios vazia...o cheiro...as palavras dele são como esse momento...abandonado e belo...
um beijo vagabundo linda nanny...
ResponderEliminarFquei presa aqui elndo tudo...
ResponderEliminarMuito interessante!
beijos
Maria
ResponderEliminarOlá linda.
Já te fui espreitar, grandes novidades e das boas! Espero que estejas contente :D
Beijinhos
Migvic
ResponderEliminarTenho de ir ver :P
Beijito
Poeta Vagabundo
ResponderEliminarQue grande chat fizemos por aqui, à conta da música do Jorge Palma :D
Gosto muito de o ouvir.
Belíssima imagem essa da estação de combóio vazia... eu não diria melhor :D
Beijinhos, poeta
Menina do rio
ResponderEliminarBenvinda por cá!
Ainda bem que gostaste, mas o mérito não e meu, mas do Zénite, neste caso :D
Beijinho da gata
Vim espreitar!! hehehehehe
ResponderEliminarParabéns ao autor! Fez-me recordar tanta coisa! Mais uma vez, tantos aspectos em comum! Adorei!
Convido o autor deste maravilhoso texto a passar no nosso cantinho! Acho que iria gostar! Não achas Nanny???
Um beijinho querida, e obrigada pelo mimo que nos deixaste! Tem um óptimo fim de semana!
Cleo
Uma história que tantas vezes acontece...pelo menos, até agora, nesta fase...
ResponderEliminarQue se irá passar depois ? :)
Beijinho para ti !
Por momentos...revi-me!
ResponderEliminarBeijinhos Nanny e bom fds.
Cléo
ResponderEliminar:D
Acho sim!
Zénite, faça favor de aceitar os parabéns e de visitar a Cléo e o seu Júlio César :D
Beijinhos
Sheliak
ResponderEliminarAguardo que o Zénite me envie os próximos episódios... também eu não sei o resto desta história.
Beijinho
Júlio César
ResponderEliminarÉ engraçado quando a ficção imita a realidade... parece que estamos a ver-nos retratados :D
Beijinhos
Esta é a tua história, certo?
ResponderEliminarBjs
estou a gostar muito desta história.
ResponderEliminarestou a gostar muito desta história.
ResponderEliminarQuero mais :-)
ResponderEliminarbj
1º capitulo fascinante... venha o resto... :P
ResponderEliminarbj
Alfabeta
ResponderEliminarEssa pergunta é para o Zénite, certo?
Espero que ele te responda.
Um beijo
Marta
ResponderEliminarEu também!
Aguardo pelos próximos episódios!
Ansiosamente!
Beijinhos
Lb
ResponderEliminarPois é!
Também estou à espera do resto!
Disso e do teu contributo, não te esqueças que aceitaste o desafio!!!
Um beijo
António Sabão
ResponderEliminarBenvindo por cá!
Também eu :P
Aguardemos
Beijo da gata
Gomez
ResponderEliminarBenvindo ao canto da gata!
Ficamos a aguardar o resto...
Beijo da gata
Nanny
ResponderEliminarVou enviar-te a história completa, agora mesmo.
Grato pela gentileza dos comentadores. Tu incluída, evidentemente.
Beijo.