Your Stripper Song Is |
Dirrty by Christina Aguelera "Too dirty to clean my act up If you ain't dirty You ain't here to party" You're so dirty, you make Christina look clean. |
Sei Lá...
Sei Lá!
Mais um ano passou... e mais um ano se fecha sobre mim...
Pois é... a gata hoje faz anos... não com a alegria que gostaria, nem aquela que de nós é esperada... o sorriso está frouxo e o olhar meio baço... não eram estes os momentos que queria estar a viver... mas são estes os que a vida me dá, são estes que fazem de mim quem sou... é com estes que vivo...
Vou espantando os meus espíritos como sei, como consigo, ou Sei Lá... como me deixam...
Por isso deixo-vos o fecho do conto... ou seria sonho... ou apenas, um desejo? Que sei eu...?
Princesa ou cortesã…? IV
Deixo-me ficar sentada na minha chaise longue, ofegante, observando a animação da festa… os criados continuam a servir doces e champanhe às senhoras e grandes balões de Cognac acompanhados de iguarias salgadas aos cavalheiros… sinto a cabeça à roda… será do vinho e do champanhe, será do rodopiar da dança, será de te sentir tão perto e tão distante…
Por entre as conversas e as danças sinto os teus olhos provocadores que me fitam… que me observam, que me despem em pleno salão… para logo a seguir te deixar de ver, por longos espaços de tempo… dou comigo a imaginar-te nos jardins, ou em qualquer corredor, agarrado a esta ou aquela dama, beijando-a com fulgor… devorando-a de paixão…
Como gostava de vos espreitar… de te ver a deixá-la louca como me fazes a mim… quase consigo imaginar os seus gemidos abafados… a minha mente voa em tua busca… à vossa busca…
De repente agarras-me de trás do longo reposteiro… quase grito de susto… Schhhh… olho à volta para ver se alguém se apercebeu… a animação continua impávida… os teus braços puxam-se, arrancando-me do assento… escapamo-nos para o longo corredor por detrás do reposteiro… as tuas mãos agarram-me fortes…
A tua boca devora a minha com a sofreguidão que te é tão própria…vais-me empurrando contra a parede… escorregando por ela… sinto uma porta que se abre nas minhas costas… entramos… o ambiente está divino… perfumado de rosas… iluminado pela lareira e por umas velas bruxuleantes… a cama coberta de pétalas de rosa…
Vais-me despindo lentamente… percorrendo o meu corpo, que se vai desnudando, com beijos… a tua língua atrevida vai deixando um rasto molhado que me arrepia… e o vulcão que só tu sabes acender começa a crescer dentro de mim… rebolamos esmagando as pétalas e revolvendo a cama… a tua boca devora-me… gemo baixinho… as tuas mãos percorrem o meu corpo, como um caminho que conheces de olhos fechados…
Mudas o ritmo e o ímpeto… viras fera, pões-me louca… deixas a mansidão de lado e atacas-me quase violentamente… mas a vontade e o desejo que tenho por ti não são menores que os teus… solta-se a libido e perco a compostura… mas a doce tortura não tem fim… bebes vinho do meu peito, da minha barriga… molhas-me com ele para depois o lamberes todo… dás-me a beber da tua boca… sorvo sequiosa… repouso languidamente, suada, sobre as almofadas…
Sentas-te na beira da cama com um pé no chão e a outra perna quase toda sobre mim… Tenho uma prenda para ti, Princesa… Queres…? Olho-te nos olhos… faíscam tesão… que me quererás dar… …Sim…
O teu braço estende-se em direcção à chaise longue da lareira… os meus olhos acompanham o teu gesto… deitada sobre ela uma figura feminina olha-nos… esteve ali desde sempre… a observar-nos… Queres…? …Sim… e a tua mão esticada convida-a a juntar-se a nós…
Sou finalmente a tua cortesã…
Sei Lá!
Recebes-me sentado ao piano, com o teu balão de cognac pousado sobre ele… vejo-te da porta do salão… as tuas mãos percorrem as teclas com a intensidade da paixão… a paixão que tens pela música, que tens pela vida… admiro-te de longe, parece que não há mais ninguém neste enorme salão inundado de gente, só tu e esse piano mágico…
À mesa, as conversas, os sorrisos, os manjares, sucedem-se ao som daquele piano e dos violinos… mal te vejo, tal a distância a que estás… quase me esqueci que estás aqui…
Sinto duas mãos que pousam nos meus ombros seminus, oiço-te dizer com um sorriso na voz: Passamos ao salão para uma bebida…? Os convivas aceitam, mas as tuas mãos continuam fortemente assentes nos meus ombros… ao som das cadeiras a arrastar todos se vão levantando… mas as tuas mãos prendem-me à cadeira… de faces rubras, em fogo, olho-te por cima do ombro… puxas a cadeira para que me levante… Princesa… sussurras-me ao ouvido…
Com o rosto a arder e o coração batendo louco, de novo, sinto a tua perna roçando na minha por sobre o vestido… não fora a tua mão prudentemente firmada no meu braço e acho que cairia…
Perco-te de vista novamente no salão… todos bebem alegremente, ouvem-se as gargalhadas, o rumor das conversas, alguns pares vão dançando… avisto-te do outro lado do salão, conversando por cima do ombro de uma dama… os teus olhos provocantes fixam-se em mim… de novo o rubor… de novo…
Afasto-me um pouco do burburinho, saio para o varandim… o ar fresco da noite e o cheiro a pétalas de rosa parecem acalmar-me um pouco… Maldita hora em que me convidaste… maldita a hora em que decidi vir… perco-me nos meus pensamentos… a música e os risos continuam a encher o ar…
Princesa, vem…!... a tua voz inconfundível que me faz estremecer, arranca-me dos pensamentos… Vamos dançar!... a tua mão prendeu a minha e arrastas-me para o meio do salão, sem me dar tempo de reagir…
No meio do salão dançamos, voamos ao som da música… distribuis sorrisos, vais piscando o olho a uns e outras… Porque te escondes? Quero-te perto de mim!... a tua mão aperta-me a cintura, sinto os dedos que me penetram a carne… Assim ainda algum atrevido te rouba de mim… olho-te, os olhos faíscam, tens o sorriso trocista e malandro, desafiador… Que temes…?
Quando me soltas na chaise longue, que sabes que adoro, sussurras-me ainda… Não fujas… estás divina hoje… e roças os teus lábios no meu rosto, enquanto te viras e te diriges para a festa… a vontade de te beijar é desmedida, a vontade de te agarrar nesta chaise longue que já foi a nossa alcova tantas vezes… mas afinal… serei…
Princesa, ou cortesã…
(Um conto, um sonho, ou apenas um desejo, Sei Lá!?)
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